Nos Chama Por aquí

domingo, 29 de maio de 2011

Quando a discriminacao nasce: O papel da escola no que tange as peculiaridades das características raciais.

“Quero todo solto!" foi assim que ela estreou a sua autonomia verbal. Quando a criança negra vai pela primeira vez a escola, ela chega a casa chorando cristalinas tristezas. Tudo começa por um fio saliente que se multiplica por toda a sua cabeça e em seguida desce perpassando pelo seu pequeno corpo ainda em formação, mas essas características sempre estiveram ali! Embelezando-lhe e versando sua beleza e identidade negra. 

O que aconteceu foi que as características agora deixaram de ser compartilhadas apenas em casa. Calada, a criança é tragada pela sua "nova" imagem refletida pelo espelho da discriminação. Ela toca seus cabelos sem desconfiar que aquele seja um dos autógrafos mais expressivos e incômodos da singularidade da sua raça. Penetrando sua pequena mão entre os fios da sua existência, seus dedos são barrados bruscamente assim como foi feita com a sua auto-estima ao se apresentar a um ambiente coletivo. Sem consciência do que estava sofrendo. Ela não consegue conter o silêncio das lágrimas e verbaliza em duas palavras a impressão que lhe causou a recepção escolar. "Sou feia!". O protesto ecoa pela casa e retorna como uma faca penetrando em seus ouvidos ironicamente agora não mais protegidos pelos seus cabelos crespos, pois estes já estavam acorrentados pela chucha da opressão.

Postagem de 18 de abril de 2011 

Jaciara Santos Nascimento

1 comentários:

Postar um comentário