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sábado, 28 de maio de 2011

A mulher funk na cidade do pagode, financiada pelo poder ciclone

(Imagem google)
Som, de ônibus. Corpo, de mulher. Ação, de homem. Reação, de aversão: calada. Roupa: short de meio palmo, blusa acima do umbigo, sandália kenner.  Seriedade na face. Cara de responsa. Cara de mulher que manda. Cara de quem não quer birra. Cara de: - não se meta comigo, PORRA.


Preconceito, de quem vê. Medo, de quem vê. Mulher, ser degradado pela sociedade, ouvindo funk no ônibus em um volume extremamente alto. Eu, mulher, ouvia funk no ônibus. Transmutava e me confundia. Eu bailava e me vestia sem roupa. Aquela era eu e eu não era. Mulher passada de Mão em Mão. Rebolava e os feixes de luz baixa irradiavam partes do ver. Quatorze anos e uns meses mais completavam a integridade da mulher. Parte do outro completo.

O outro: homem: programado a ganhar dinheiro desde os oito anos. Homem que ganha por carregar bloco para o vizinho, entulho para o moço. E lá vêm trocados. O homem que tem que trabalhar para ajudar a mãe em casa.

Mãe, a mulher mais velha, trabalhadora desde os seis. A mulher que lavava, passava e ajudava mãe com a roupa do irmão sem ganhar nada. Ela precisa do outro: homem. A mulher, mesmo mais velha ainda precisa do ser completo: homem. Ela precisa de grana. Ela tem medo da rua. Ela não tem ganas.

É um homem de lá. Um lugar chamado lá. Homem que se alimenta do aqui. Centro. Aqui do qual não faço parte. Lá do qual faço morada. Tudo em nível de crítica miserável. É o homem da mulher que convence com flor. Que fala refrões chulos e as levam para cama. E lá fode! Trepa! Desliga a luz e dorme. Oito dias depois, por ser íntegro, termina o namoro. Ele só queria fuder, penso eu. 
 25.05.2011

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